sábado, 5 de maio de 2012

Murakami e o tempo que passa

Meu novo apego é um autor japonês - Haruki Murakami - desde que a minha prima me emprestou um livro em que se tratava de "pensamentos enquanto se corre". Achei muito interessante o mote e o encarei. Veio muito a calhar, pois a leitura se desenvolveu justo durante a minha viagem de 4.000 mil km em 25 dias por cinco estados brasileiros, inúmeras cidades, praias e montanhas. Como eu mesma denomino, a minha "viagem peregrina", eu comigo mesma, a bordo do meu Donzinho que se mostrou tão aventureiro e ponta firme quanto à dona dele.

O curioso é que o Murakami tem uns pensamentos iguais aos meus. E o fato dele discorrer sobre os devaneios que ele tem durante as kilometragens das suas corridas de longas distâncias, em treinos diários, assemelhavam-se às minhas viagens durante o percurso que traçava até a Bahia.



Agora que voltei, minha prima me presenteou com um romance dele de verdade - Norwegian Wood - do qual estou me alimentando durante as manhãs de sol que invadem meu apê paulistano. O Murakami tem sido minha melhor cia desde então... desta minha retomada à leitura, pois, confesso, que andava travada, angustiada e sem qualquer resquício de concentração e tesão para os livros.


"Nada do mundo real é tão belo quanto as ilusões de uma pessoa prestes a perder a consciência".
Murakami, em Do que eu falo quando falo de corrida.


Nesta passagem que ele faz se refere à uma maratona na Grécia e o quanto ele ansiava por uma cerveja gelada. Lembrei de quando fiz o percurso de 10 km em Sto Amaro, na marginal pinheiros da minha infância, e em todas coisas que pensei naquela eterna 1h em que completei a prova. Meu melhor tempo desde então. Excelente forma física me encontrava. E uma das coisas que mais me incentivava a chegar ao fim, em meio à embriaguez que o desgate físico provoca em nós numa manhã de verão com o asfalto queimando, era uma vontade minha de ser beijada por um certo grande amigo meu. Eu achava que se completasse a prova, iria ser agraciada pelo beijo mais desejado por mim naquela época. Do cara que um dia tinha sido completamente apaixonado por mim, e dez anos depois, os sentimentos se inverteram. E por esses dias juninos, fiquei sabendo que o dito cujo está noivo. Pois é, coisas do tempo que passa.


"Sou do tipo de pessoa incapaz de entender bem alguma coisa, seja lá o que for, se não a puser por inteiro no papel".



Murakami, em Norwegian Wood.



***post originalmente escrito em junho de 2011*** 

Um comentário:

  1. E tem muito mais Murakami a espera de sua leitura quando voltar, Momô! Tô morrendo de saudade da minha amiga-prima! Bjooo

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